A fotografia e o vídeo em todas as suas possibilidades artísticas, compartilhando espaços com a arte moderna e outras escolas de vanguarda, protagonizam a 27ª edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea (Arco), que começou hoje em Madri, e tem o Brasil como país convidado.
A arte brasileira tomará em peso diversos espaços de Madri durante este mês. Para começar, a Arco, uma das mais importantes feiras internacionais de arte do mundo, realizada desde 1982 na capital espanhola, tem agora, em sua 27ª edição, o Brasil como país convidado. Para tanto, o Ministério da Cultura brasileiro (MinC), em parceria com a Fundação Athos Bulcão, promoveu a realização de uma grande mostra de arte brasileira – formada por obras de 108 artistas em atividade representados por 32 galerias nacionais – em espaço especial na Arco, que terá na quarta-feira sua abertura para imprensa e convidados; na quinta, a inauguração oficial, com a presença dos reis da Espanha e do ministro da Cultura brasileiro Gilberto Gil; e na sexta, a abertura para o público.
Participam desta edição da feira mais de 250 galerias de 30 países e, na grande maioria, a imagem relacionada às novas tecnologias está presente.
Paisagens, retratos, naturezas mortas, instalações com técnicas mistas, nus, arquitetura urbana e imagens em cores e em preto e branco de todos os tamanhos imagináveis e em processos que vão de cópias antigas às impressas atualmente fazem parte do universo da Arco em 2008.
As galerias brasileiras incluíram a obra fotográfica de autores como Miguel Rio Branco (arte em foto), Mario Cravo Neto e Caros Garaicoa.
Na galeria espanhola Cánem, a artista Pilar Beltran apresenta um mosaico feito com ultra-sonografias de gestantes e fotografias de lápides sob o título “mães e filhos”.
Assim como em outras edições da Arco, a galeria francesa 1900-2000 apresenta cópias de época de professores da fotografia como Dora Maar, Man Ray, Berenice Abbott, Horst P. Horst e Frantisek Drtikol.
A galeria Kicken Berlin, da Alemanha, expõe tesouros fotográficos assinados por Lee Friedlander, Andre Kertesz, Helmut Newton, Josef Sudek e Robert Capa, cuja famosa imagem “Morte de um miliciano”, feita durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939), possui cópia feita em 1960 vendida a US$ 16 mil.
Os belgas da Deweer Art Gallery levaram para a Arco o projeto que o artista Koen Vanmechelen batizou de “Cosmopolitan Chicken”, para o qual fotografou frangos durante oito anos e os dispôs em múltiplas instalações. Em uma delas, o próprio autor é o protagonista, degustando um frango diante de um galinheiro.
No setor não fotográfico da Arco, há espaço para obras como “Equilibrista” da série “O Circo”, a mais recente obra do colombiano Fernando Botero, que a galeria Marlborough, da Espanha, oferece por cerca de US$ 773 mil.
A galeria alemã Thomas Rehbein encabeçou um projeto para jovens de várias nacionalidades especializados em aquarela e desenho. Entre os artistas figura a americana Laura Ball, que pinta cenas nas quais mistura parte de sua vida familiar com histórias em quadrinhos, contos e sua própria fantasia.
O brasileiro José Patrício expõe na feira uma de suas instalações elaboradas com peças de dominó, um jogo que com suas peças se transforma “em um elemento rico para a composição artística”, segundo explicou o artista à agência Efe.
Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, também brasileiros, apresentam seu projeto “Infinito ao cubo”, uma construção cúbica de três metros quadrados, coberta de espelhos no interior e no exterior e colocada sobre uma cruzeta ancorada com molas.
O peso do espectador no interior do cubo faz com que ele balance enquanto, como explica Crescenti, “se experimenta a sensação de infinito e de deformação do espaço”.
O grande mérito da Arco, segundo as galerias, é que a feira é uma vitrine para a arte mais vanguardista e, além disso, apóia e vende com seu prestígio a obra de outras escolas e épocas.
A feira espanhola de artes Arco 2008, que este ano homenageia o Brasil, motivou um ciclo do cinema brasileiro que, desde o dia 3 de fevereiro, está em cartaz na Filmoteca Nacional de Madri, só sairá de cena no fim do mês.
Fonte: Último Segundo
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