a encrenqueira do soul e voz de 2007


Amy Winehouse: a voz de 2007, sem dúvida, é a diva mais inesperada da nova soul. Destrói a candura das «girls-groups» dos anos 60 quando canta.

Os cabelos pretos, cheios de ondas vivas, passam longe do estilo louro-e-domesticado da maioria das cantoras jovens, e o visual é um mix original da moda anos 60 com os acessórios dourados dos rappers e dos “chavs” ingleses. Infelizmente, a cantora corporosa tem dado espaço a uma anoréxica, que perdeu o juízo e converteu-se num loura oxigenada que apenas lembra a qualquer mulher que devemos ficar longe das tintas para cabelo. Porém, vamos falar então da voz e não dos problemas de Amy Winehouse.

As músicas revelam os traços de uma mulher geniosa, sincera, cool e divertida, capaz de rir da estupidez alheia e de suas próprias burradas, de confessar seus vícios e de contar como chorou largada no chão da cozinha por causa de um romance fracassado.

Depois de tudo isso, fica difícil não se apaixonar por Amy Winehouse. Se a descrição não for convincente, basta apertar o play em “Back to Black”, segundo CD da cantora da mais recente safra de talentos britânicos, para reconhecer suas qualidades nada ordinárias.

Em Back to black, que tem apenas composições dela própria (algumas em parceria), Amy revisita o som de girl-groups como Martha Reeves & The Vandellas, Supremes e Shangri-Las (esse, com direito a agradecimento no encarte) em faixas como “Tears dry in their own” e no primeiro hit, “Rehab”. Esta, por sinal, é barra pesada – a letra – cujo título, em bom português, é “reabilitação” – trata dos problemas da cantora com o álcool, já conhecidos publicamente (“eu e a bebida temos uma relação bem intensa, de amor e ódio”, confessou ela com exclusividade para um jornal brasileiro, recentemente). Músicas como “You know I’m no good” e “Love is a losing game” poderiam ter saído da mão de um Otis Redding e estar no repertório de uma Aretha Franklin – o que não é motivo para ninguém sair endeusando a moça (como diz o ditado: notícias, sucessos pop, salsichas, mariola… se for consumir, melhor não ver como nada disso foi feito). Nas letras, Amy larga qualquer condição de musa soul que o mercado poderia lhe impor e vem com uma carga pesada – problemas existenciais, relacionamentos complicados, etc.

Quem quiser dar uma sacada no som de Amy antes de comprar ou baixar o CD, vale informar que ela tem um MySpace – oficial, com direito a endereço na contra-capa do disco e tudo. Fica em http://www.myspace.com/amywinehouse. Por sinal, resta saber qual lado vai aparecer cada vez mais na mídia, se o de cantora/compositora inspirada e belíssima fisicamente, ou o de encrenqueira bebum – os tablóides ingleses, que já andam em polvorosa por causa das doideiras de Britney Spears, já andam explorando as brigas de Amy com outras artistas e suas declarações sobre bebidas e drogas.

radiohead cantando the smiths

Pérolas da net
Momento musical, Radiohead, a grande banda actual da Ingalterra num cover de The Headmaster Ritual dos The Smiths, a grande banda dos anos 80, em webcaster no youtube desde 09 de novembro. Para completar a semana com mais rock inglês, depois de Joy Division.