o meu rio


Quando se fala de Rio de Janeiro a maioria das pessoas tem como imagem as praias da Zona Sul onde ficam, por exemplo, os bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon. Porém, o Centro tem lugares inesquecíveis que guardam a história da cidade. Aproveitando a comemoração da chegada da Família Portuguesa ao Brasil apresentarei dentro deste mês alguns lugares do Rio de Janeiro antigo, começando com os arredores da Santa Luzia.

A cidade do Rio de Janeiro propriamente dita nasceu em 1º de março de 1565 na Urca, mas se mudou para o Morro do Castelo anos depois para se proteger melhor de ataques. Um habitante de qualquer outra cidade poderia chegar ao Rio e perguntar a qualquer carioca onde fica o Morro do Castelo no Centro e, a probabilidade de receber um não sei como resposta é muito grande, outros poderiam até dizer que o visitante estaria enganado e que não existe o tal morro. Não que o carioca não conheça sua cidade, mas o tal morro hoje só existe mesmo em fotos antigas, assim como a praia da Santa Luzia que ficava em frente a Santa Casa de Misericórdia e da Igreja de Santa Luzia. Como um pode uma praia e um morro deixarem de existir? O morro foi desmontado entre 1921 e 1922, servindo de aterro para o que hoje conhecemos como o Aeroporto Santos Dumont e arredores, e a praia de Santa Luzia não existe mais, pelo mesmo motivo, o tal aterro. Assim, a cidade foi mudando e ganhou com este aterro mais 700 000m2.

Repare na foto acima o mapa da cidade antes do aterro. Comparem com a foto abaixo. Reparem que a Ilha de Villegaignon está bem próxima a terra, o aeroporto Santos Dumont. A área assinalada como morro do Castelo, na verdade é o largo do Castelo, e a ponta do Calabouço não existe mais. A área manchada, como a do aeroporto, foi os aterros feitos na cidade.

Na Santa Luzia fica a Santa Casa de Misericódia do Rio de Janeiro que foi fundada pelo Padre Anchieta em 1553. Lá o então Rei Dom João VI se tratou durante sua estadia na cidade no século XIX. Outra coisa curiosa é que o local ficava em frente a então praia de Santa Luzia. Hoje, em frente a Santa Casa, fica um quarteirão enorme com prédios e, principalmente, alguns consulados como o português e o francês. Nesta imagem feita por volta de 1858 por Victor Frond podemos ver todo o percurso da rua Santa Luzia com a igreja de Santa Luzia no canto à esquerda, o prédio enorme da Santa Casa no meio e no fundo o Morro do Castelo.
santa casa

Próximo post sobre o Rio Antigo: A Igreja de Santa Luzia

para carioca e gringo visitarem


Está no site do New York Times uma crítica de um dos lugares mais charmosos de Santa Teresa, Rio de Janeiro: o Museu Chácara do Céu.

A casa de Santa Teresa, conhecida desde 1876 como Chácara do Céu, foi herdada por Castro Maya em 1936. A construção atual, projetada em 1954 pelo arquiteto Wladimir Alves de Souza, destaca-se pela modernidade das soluções arquitetônicas e por sua localização, que integra os jardins e permite magnífica vista de 360 graus sobre a cidade e a baía da Guanabara.

Com seu charmoso jardim e três andares cheio de arte e mobília, este museu parece a casa de alguém. E de facto, é. A moderna estrutura é a casa do industrial Raymundo Ottoni de Castro Maya, que é um ávido colecionador de arte brasileira, européia e asiática. Igualmente fascinante é sua impressiva biblioteca de livros em português antigo e títulos franceses.

A mansão de Raymundo Castro Maya construída em Santa Teresa só revela o eclético gosto do seu dono com suas porcelanas, pinturas e esculturas. A casa, ela mesma, é um charmo com sua estrutura que evoca o trabalho de Frank Lloyd Wright no oeste americano. A vista do jardim é fabuloso. E o museu tem aquele estilo aconchegante duma casa, muito rica, com suas pinturas impressionistas e seus vasos chineses.

Lembro dela em sessões de fotografia, a descoberta dos seus pequenos mistérios guardadas em slides. Quem estiver no Rio, o Museu Chácara do Céu fica na Rua Murtinho Nobre 93, em Santa Teresa. O preço da entrada é dois reais (0,85$) e crianças menores de doze anos não pagam.

Museu Chácara do Céu